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13 de abril de 2018

5 MANEIRAS ERRADAS DE LER A BÍBLIA



A falta de conhecimento sem dúvida já deve ter incomodado você em alguma situação. Me lembro bem de momentos em que ela me incomodou. Foram em simples rodas de conversas com amigos cristãos e não cristão cujo o tema em questão era: A Bíblia.
Mas, chegou o dia que em uma dessas conversas com amigos percebi que não sabia responder questões básicas a respeito da fé. Aí colega, minha sirene de alerta tocou: Será que conheço a Bíblia como deveria? Será que leio a Bíblia como deveria?
Nesse dia percebi que apesar de ler a Bíblia constantemente em casa e ter contato com ela de forma frequente (na igreja e em alguns encontros cristãos) eu apenas tinha a falsa sensação de conhecer a Palavra. Eu de fato sabia algumas coisas, mas esse "conhecimento" era frágil e raso. Foi aí que percebi que nem todo contato com as Escrituras significa obtenção de conhecimento bíblico.
Eu tinha o desejo sincero de conhecer a Bíblia, porém fui mal instruída e desenvolvi hábitos ruins que atrapalharam o desenvolvimento desse conhecimento. Será que você assim como eu já praticou alguns desses maus hábitos? Vejamos:


1. Ler a Bíblia apenas nos momentos de culto ou na escola bíblica: Ler a Bíblia apenas nos cultos ou nas escolas bíblicas pode ser comparado com a má vivência da realidade escolar. É como se nós fossemos para a escola aprender sobre determinado conteúdo e ficássemos satisfeitas (os) apenas com o que o professor disse e fez na sala de aula, nos recusando a fazer as atividades e ler os textos do livro didático sobre o assunto quando estamos em casa. A consequência disso é um aprendizado deficiente e raso (afinal não foi assim que fomos aprovadas (os) em matemática! E se fomos até hoje temos alguma deficiência nessa disciplina).
A aprendizagem é um processo que depende também da nossa dedicação em querer aprender.  O pastor e o professor (a) de escola bíblica tem o papel de auxiliar na construção desse conhecimento, de apontar os caminhos, mas é você quem deve construir o conhecimento bíblico, sou eu quem devo construí-lo, esse conhecimento requer um esforço individual pela leitura e estudo das Escrituras.

2. Ler só as partes da Bíblia que me agrada: A primeira coisa que precisamos reconhecer é que a Bíblia não foi escrita para satisfazer o nosso ego ou para nos colocar no centro dos acontecimentos, da história. Ela não é um livro sobre mim ou você, útil para servir as nossas vontades. Pelo contrário, a Bíblia é um livro que nos mostra como servir a Deus e não como Deus deve nos servir. Existem pessoas que selecionam versículos bíblicos e leem apenas aqueles que lhe agradam, sintetizando a Bíblia a um livro de autoajuda, transformando as Sagradas Escrituras em uma espécie de analgésico espiritual, selecionando a leitura de versículos que podem proporcionar uma satisfação emocional que atenda a um desejo egocêntrico, pessoal.
Mas, isso não deve funcionar assim. A leitura da Bíblia precisa nos causar desconforto, pois as Escrituras nos fazem enxergar os nossos erros e assim nos conduz ao arrependimento dos pecados. Precisamos entender que a Bíblia não pode ser utilizada como um cardápio, cujo podemos escolher qual a refeição do dia. Não basta ler na Bíblia apenas o que gostamos e queremos, é preciso desfrutar de tudo que as Escrituras têm a oferecer, ainda que tenha um sabor amargo, ainda que não gostemos, mas sem dúvida é o que precisamos, pois, toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que não está em ordem em nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o que é certo (2Tm 3.16/ NVT).

3. Ler sobre a Bíblia, mas não a própria Bíblia: Muitas vezes em nossa busca por conhecimento bíblico nós queremos tanto aprender sobre as Escrituras que nos prendemos a sempre estar buscando materiais que falem sobre a Bíblia (livros, textos, artigos, vídeos, dentre outros). De fato, esses conteúdos são importantes no processo de aprendizagem, entretanto eles não devem substituir em hipótese alguma a leitura diária da Bíblia. Antes de irmos a fontes secundárias, ou seja, antes de buscarmos obter conhecimento sobre a Bíblia por meio de pessoas que escreveram a respeito dela, precisamos ir na própria fonte, na Bíblia, estudá-la, nos perguntarmos o que aprendemos em cada leitura e até mesmo observar nossas dúvidas sobre o que lemos.

4. Ler de maneira desorganizada (um dia ler dois capítulos de Mateus, no outro ler três capítulos de Salmos, depois ler uma parte de um capítulo de Jonas, e por aí vai...): Quando lemos a Bíblia desta forma não conseguimos entender a história principal. Nós desconsideramos o contexto histórico, cultural e textual. Desconsideramos as estruturas literárias da Bíblia, ou seja, a história com seu inicio meio e fim. Imagine se fossemos fazer uma prova escrita sobre um livro de cinco capítulos. Se optarmos por ler apenas dois ou até mesmo se pegarmos um resumo na internet não conseguiremos absorver todo o conteúdo. A prova pode cobrar conteúdos presentes no livro que  não aprendemos por não termos lido toda a obra. Além disso,  podemos interpretar mal algumas informações por não ter acompanhado de maneira correta todo o enredo da história.
A Bíblia é uma literatura, ela é um livro composto por 66 livros, todos esses livros possuem histórias com início, meio e fim. Sendo que cada uma dessas histórias menores pretende contar uma história principal que aponta para Cristo. Precisamos compreender que a Bíblia é registro da revelação de Deus, sendo que Cristo é o centro das Escrituras, tudo na Bíblia aponta para Ele. Lembre-se das palavras do próprio Jesus quando disse: Vocês estudam minuciosamente as Escrituras porque creem que elas lhes dão vida eterna. Mas as Escrituras apontam para mim! (Jo 5.39). Assim, quando lemos qualquer livro na Bíblia devemos estar atentos de que maneira ele está ligado a história principal.

5. Ler de maneira aleatória: Quantos de nós já não dissemos: “no texto que eu abrir irei ler!”. Normalmente fazemos isso por dois motivos, ou porque não sabemos por onde e como começar a ler a Bíblia, ou então porque queremos a resposta do Senhor para algo em nossas vidas.
Entretanto, não podemos negar que essa abordagem parece mais um jogo de sorte e azar, e isso pode gerar problemas. Talvez possa cair em um texto que se entenda (talvez isso já tenha acontecido com você!), mas também pode ocorre o oposto, pode cair em um trecho bíblico que não se entenda absolutamente nada, ou o que eu diria ser o maior problema dessa abordagem, podemos achar que compreendemos o texto, mas não o entendemos de fato. Isso pode gerar má interpretação e aplicação do texto, além do risco  da propagação de idéias erradas sobre as Sagradas Escrituras.
Imagine se nós usarmos essa mesma estratégia de leitura no livro de matemática. Será que vamos conseguir compreender o conteúdo e até mesmo transmiti-lo corretamente?


Medita na Lei do Senhor
Paulo ao instruir Timóteo disse: Procura apresentar-te aprovado diante de Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (2Tm 2. 15/A21).
O sentido literal do termo manejar nesse texto é “cortar reto”, essa ideia faz referência a exatidão exigida com trabalhos manuais como a carpintaria, a alvenaria e até mesmo ao próprio trabalho realizado por Paulo na elaboração de tendas e artigos de couro. A precisão da interpretação da Palavra de Deus deve ser buscada com ainda mais interesse e responsabilidade do que quando se desempenha qualquer outra tarefa [1]. Muitas vezes quando precisamos ler uma material para o trabalho, escola ou faculdade nós investimos todo o nosso esforço em compreender e estudar o conteúdo. Mas porque não fazer isso também com a Bíblia, que não é apenas um livro, mas um livro sagrado? Na verdade, pelo fato da Bíblia ser um livro inspirado por Deus não deveríamos estudá-la com ainda mais dedicação, cuidado e prazer?
Sendo assim caro leitor precisamos nos livrar dos nossos maus hábitos de leitura bíblica e abraçarmos nossa responsabilidade de praticar um estudo bíblico que desenvolva conhecimento a respeito das Escrituras. Precisamos reconhecer que nem todo contato com a Bíblia desenvolve conhecimento bíblico. Apesar da boa intenção de ler a Palavra ser um fator positivo ela não é suficiente. É preciso esforço, dedicação e oração para compreendê-lá. 

Investigue seus maus hábitos e livre-se deles! 



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REFERÊNCIAS
WILKIN, Jen. Mulheres da Palavra: Como estudar a Bíblia com a nossa mente e coração. São José dos Campos, SP: Fiel, 2015.
[1] Bíblia de Estudo MacArthur, Barueri. SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.




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