Dizem que a porta que Deus abre ninguém fecha. Então
porque a porta de emprego que consegui em baixo de jejum e oração se fechou e
até agora não recebi um centavo do que a empresa me devia?
Me deparei
com essa indagação a alguns dias, e a primeira sensação que tive foi de susto. O meu primeiro pensamento sobre essa frase foi: Deus não é nosso mordomo divino! [1]
Me lembro bem
que ainda quando criança ao perguntar a minha mãe como o mundo surgiu ela
disse: Foi Deus quem criou todas as coisas minha filha. O sol, a lua, as
estrelas e tudo que existe no universo! Bem, estava aí a primeira definição sobre
Deus que aprendi, a de Criador. Com o passar do tempo fui descobrindo que Deus
era mais do que isso, haviam inúmeras outras palavras que poderiam expressar
quem Ele é: soberano, santo, onisciente, onipotente, onipresente, grandioso,
e por aí vai. Quando perguntasse quem é Deus para as pessoas são essas definições
que costumasse ouvir como resposta. Sempre
que pretendemos definir Deus atribuímos a Ele inúmeros adjetivos que revelam a
sua soberania. Isso é algo automático, acontece espontaneamente. Se qualquer
pessoa pedir para mim ou você para definirmos Deus, provavelmente atribuiremos
a Ele concepções de grandiosidade, elementos que o apresente como Excelsior.
Entretanto,
a pergunta que inicia esse texto demonstra o contrário. Revela uma outra imagem
de Deus, a de mordomo divino. Isso nos leva a notar como é incoerente
a definição de Deus para muitos evangélicos brasileiros, que ao mesmo tempo em
que enxergam Deus como soberano, criador de todas as coisas, inclusive de nós,
também querem atribuir a Ele o papel de serviço 24 horas, devendo nos
atender quando, onde e como quisermos. Isso acontece porque muitas pessoas
tratam de forma leviana a ideia do amor de Deus, e consequentemente não
compreendem bem quem Ele é.
De fato, Deus é pessoal, mas não é igual a
nós, é melhor do que nós, é prefeito, é auto existente, possui vida em si
mesmo, é eterno, é justo, é nosso criador, é o centro do universo. E nós, bem,
em poucas palavras, somos o oposto de tudo isso. Somos criaturas. Como diz
Collin Hansen, é justo que, se fomos criados por Deus, vivemos para sua glória
[2]. Assim, fomos criados para
glorificar a Deus (1Pe 4. 11: Você tem o dom de falar? Então
faça-o de acordo com as palavras de Deus. Tem o dom de ajudar? Faça-o com a
força que Deus lhe dá. Assim, tudo que você realizar trará glória a Deus por
meio de Jesus Cristo. A ele sejam a glória e o poder para todo o sempre! Amém – NVT). Até mesmo Jesus
Cristo em uma de suas orações disse: Pai, glorifica teu nome! (Jo 12.28). Ao ressuscitar Lazaro, por exemplo, não o fez para enaltecer o ser humano, mas para que Deus
fosse glorificado (Jo 11.4: Quando Jesus ouviu
isso, disse: "A doença de Lázaro não acabará em morte. Ela aconteceu para
a glória de Deus, para que o Filho de Deus receba glória por meio dela" -
NVT).
Também, não podemos adorar a Deus com o
intuito de recebermos algo em troca. Não devemos jejuar e orar
na pretensão de que Deus nos recompense materialmente por isso. Pelo
contrário, não importa o que tenhamos que enfrentar, nossa escolha será sempre
estar com Deus o adorando e rendendo graças (Mc 12. 30/NVT: Ame o
Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua
mente e de todas as suas forças) [3]. Além disso, como aponta o pastor John Lin, o segundo mandamento, revela que não podemos adorar a Deus segundo os
nossos conceitos sobre Deus, mas temos que adorá-lo segundo o que Ele
é. Em outras palavras, não devemos adorar falsos deuses, e não
devemos adorar a Deus de modo falso. Não podemos tornar o nosso objetivo de
vida – emprego, conforto, dinheiro, ou qualquer outro alvo – um deus. Esses
elementos não devem se tornar objeto da nossa adoração. Ou seja, um emprego,
uma universidade, o capital financeiro, um sonho, ou qualquer outra coisa não
deve ser compreendida como algo que vai prover mais conforto do que Deus
[4].
Nesse sentido, não devemos crer e adorar a Deus única e exclusivamente porque o vemos como provedor
do nosso conforto e desejos pessoais, como mordomo
divino. Não se deve criar um
Deus ao gosto do freguês para atender os prazeres do nosso ego e aliviar as
nossas frustrações pessoais . A Bíblia diz que devemos adorar apenas ao verdadeiro Deus, o “Eu
Sou” (Dt 5.7: Não tenha outros deuses alem de mim - NVT).
Como bem disse o apostolo Paulo, chegaria o
tempo em que as pessoas já não escutarão o ensino verdadeiro. Seguirão os
próprios desejos e buscarão mestres que lhes digam apenas aquilo que agrada
seus ouvidos. Rejeitarão a verdade e correrão atrás de mitos (2Tm
4.3-4/NVT). Caro leitor, que possamos não buscar falsos ensinos que nos
apresente uma replica de Deus, ou uma versão revisada dele que pretende apenas
nos satisfazer. Diante dessa confusão que tem sido feita a respeito de
Deus é importante que possamos nos lembrar sempre que Deus
revela verdades sobre si mesmo através da sua Palavra, é através da Bíblia que
podemos conhece-lo melhor, ela é o caminho para podermos nos relacionar com o
Criador. [5] Diante disso vale a pena refletir: Se te
perguntassem agora quais são as verdades que Deus revela sobre si mesmo o que
você diria?
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REFERÊNCIAS
BÍBLIA SAGRADA: NOVA VERSÃO TRANSFORMADORA [recurso eletrônico]. 1 ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2016
HARRIS, Joshua. Cave mais fundo: o que você acredita? Porque isso importa? [recurso eletrônico]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2011.
Imagem disponível em <https://bit.ly/2GSL7ZL> acesso em 26/05/2018
[1] Peguei emprestado esse termo (mordomo divino) de Smith e Deton, que é citado no livro Cave mais fundo, escrito por Joshua Harris.
[2] HANSEN, Collin (org.). Devocional do Catecismo Nova Cidade: A verdade de Deus para nossos corações e mentes [recurso eletrônico]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2017. Primeira parte, pergunta 4 (Como e porque Deus nos criou?).
[3] Sobre o assunto ver HANSEN, Collin (org.). Devocional do Catecismo Nova Cidade: A verdade de Deus para nossos corações e mentes [recurso eletrônico]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2017. Primeira parte, pergunta 6 (Como glorificar a Deus?).
[4] Ver comentário de John Lin em HANSEN, Collin (org.). Devocional do Catecismo Nova Cidade: A verdade de Deus para nossos corações e mentes [recurso eletrônico]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2017. Primeira parte, pergunta 9 (O que Deus requer nos mandamentos primeiro, segundo e terceiro?).
[5] Sobre a Doutrina de Deus, seu caráter e seus atributos ver HARRIS, Joshua. Perto, mas não no meu bolso. In______. Cave mais fundo: o que você acredita? Porque isso importa? [recurso eletrônico]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2011. cap. 3.
BÍBLIA SAGRADA: NOVA VERSÃO TRANSFORMADORA [recurso eletrônico]. 1 ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2016
HARRIS, Joshua. Cave mais fundo: o que você acredita? Porque isso importa? [recurso eletrônico]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2011.
Imagem disponível em <https://bit.ly/2GSL7ZL> acesso em 26/05/2018
[1] Peguei emprestado esse termo (mordomo divino) de Smith e Deton, que é citado no livro Cave mais fundo, escrito por Joshua Harris.
[2] HANSEN, Collin (org.). Devocional do Catecismo Nova Cidade: A verdade de Deus para nossos corações e mentes [recurso eletrônico]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2017. Primeira parte, pergunta 4 (Como e porque Deus nos criou?).
[3] Sobre o assunto ver HANSEN, Collin (org.). Devocional do Catecismo Nova Cidade: A verdade de Deus para nossos corações e mentes [recurso eletrônico]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2017. Primeira parte, pergunta 6 (Como glorificar a Deus?).
[4] Ver comentário de John Lin em HANSEN, Collin (org.). Devocional do Catecismo Nova Cidade: A verdade de Deus para nossos corações e mentes [recurso eletrônico]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2017. Primeira parte, pergunta 9 (O que Deus requer nos mandamentos primeiro, segundo e terceiro?).
[5] Sobre a Doutrina de Deus, seu caráter e seus atributos ver HARRIS, Joshua. Perto, mas não no meu bolso. In______. Cave mais fundo: o que você acredita? Porque isso importa? [recurso eletrônico]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2011. cap. 3.
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