A falta de conhecimento sem dúvida
já deve ter incomodado você em alguma situação. Me lembro bem de momentos em que
ela me incomodou. Foram em simples rodas de conversas com amigos cristãos e não cristão cujo o tema em questão era: A Bíblia.
Mas, chegou o dia que em uma
dessas conversas com amigos percebi que não sabia responder questões
básicas a respeito da fé. Aí colega, minha sirene de alerta tocou: Será que
conheço a Bíblia como deveria? Será que leio a Bíblia como deveria?
Nesse dia percebi que apesar
de ler a Bíblia constantemente em casa e ter contato com ela de forma frequente (na
igreja e em alguns encontros cristãos) eu apenas tinha a falsa sensação de
conhecer a Palavra. Eu de fato sabia algumas coisas, mas esse "conhecimento" era frágil e raso. Foi aí que percebi que nem todo contato com as Escrituras significa
obtenção de conhecimento bíblico.
Eu tinha o desejo sincero de conhecer a Bíblia, porém fui mal instruída e desenvolvi hábitos ruins
que atrapalharam o desenvolvimento desse conhecimento. Será que você assim como
eu já praticou alguns desses maus hábitos? Vejamos:
1. Ler a Bíblia apenas nos momentos de culto ou na escola bíblica: Ler a Bíblia
apenas nos cultos ou nas escolas bíblicas pode ser comparado com a má vivência da realidade escolar. É como se nós fossemos para a escola aprender sobre
determinado conteúdo e ficássemos satisfeitas (os) apenas com o que o professor disse e fez
na sala de aula, nos recusando a fazer as atividades e ler os textos do livro
didático sobre o assunto quando estamos em casa. A consequência disso é um
aprendizado deficiente e raso (afinal não foi assim que fomos aprovadas (os) em matemática! E se fomos até hoje temos alguma deficiência nessa
disciplina).
A aprendizagem é um
processo que depende também da nossa dedicação em querer aprender. O pastor e o professor (a) de escola bíblica tem o papel de auxiliar na
construção desse conhecimento, de apontar os caminhos, mas é você quem deve
construir o conhecimento bíblico, sou eu quem devo construí-lo, esse conhecimento requer um esforço individual pela leitura e estudo das Escrituras.
2. Ler só as partes da Bíblia que me agrada: A primeira
coisa que precisamos reconhecer é que a Bíblia não foi escrita para satisfazer o
nosso ego ou para nos colocar no centro dos acontecimentos, da história. Ela
não é um livro sobre mim ou você, útil para servir as nossas vontades. Pelo
contrário, a Bíblia é um livro que nos mostra como servir a Deus e não como
Deus deve nos servir. Existem pessoas que selecionam versículos bíblicos e leem
apenas aqueles que lhe agradam, sintetizando a Bíblia a um livro de autoajuda, transformando as Sagradas Escrituras em uma espécie de analgésico espiritual,
selecionando a leitura de versículos que podem proporcionar uma satisfação
emocional que atenda a um desejo egocêntrico, pessoal.
Mas, isso não deve funcionar
assim. A leitura da Bíblia precisa nos causar desconforto, pois as Escrituras
nos fazem enxergar os nossos erros e assim nos conduz ao arrependimento dos
pecados. Precisamos entender que a Bíblia não pode ser utilizada como um
cardápio, cujo podemos escolher qual a refeição do dia. Não basta ler
na Bíblia apenas o que gostamos e queremos, é preciso desfrutar de tudo que as Escrituras
têm a oferecer, ainda que tenha um sabor amargo, ainda que não gostemos, mas sem dúvida é o que precisamos, pois, toda
a Escritura é inspirada por Deus
e útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que não
está em ordem em nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a
fazer o que é certo (2Tm 3.16/ NVT).
3. Ler sobre a Bíblia, mas não a própria Bíblia: Muitas vezes
em nossa busca por conhecimento bíblico nós queremos tanto aprender sobre as
Escrituras que nos prendemos a sempre estar buscando materiais que falem sobre a
Bíblia (livros, textos, artigos, vídeos, dentre outros). De fato, esses
conteúdos são importantes no processo de aprendizagem, entretanto
eles não devem substituir em hipótese
alguma a leitura diária da Bíblia. Antes de irmos a fontes secundárias,
ou seja, antes de buscarmos obter conhecimento sobre a Bíblia por meio de pessoas
que escreveram a respeito dela, precisamos ir na própria fonte, na Bíblia, estudá-la, nos perguntarmos o que aprendemos em cada leitura e até mesmo observar nossas dúvidas sobre o que lemos.
4. Ler de maneira desorganizada (um dia ler dois capítulos de Mateus, no outro ler três capítulos de Salmos, depois ler uma parte de um capítulo de Jonas, e por aí vai...): Quando lemos a Bíblia desta forma
não conseguimos entender a história principal. Nós desconsideramos o contexto
histórico, cultural e textual. Desconsideramos as estruturas literárias da
Bíblia, ou seja, a história com seu inicio meio e fim. Imagine se fossemos fazer uma prova escrita sobre um livro de cinco capítulos. Se optarmos por
ler apenas dois ou até mesmo se pegarmos um resumo na internet não conseguiremos absorver todo o conteúdo. A prova pode cobrar conteúdos presentes no livro que não aprendemos por não termos lido toda a obra. Além disso, podemos interpretar mal algumas informações por não ter acompanhado de maneira correta
todo o enredo da história.
A Bíblia é uma literatura, ela é um
livro composto por 66 livros, todos esses livros possuem histórias com início,
meio e fim. Sendo que cada uma dessas histórias menores pretende contar uma
história principal que aponta para Cristo. Precisamos compreender que a Bíblia
é registro da revelação de Deus, sendo que Cristo é o centro das Escrituras,
tudo na Bíblia aponta para Ele. Lembre-se das palavras do próprio Jesus quando
disse: Vocês estudam minuciosamente as
Escrituras porque creem que elas lhes dão vida eterna. Mas as Escrituras
apontam para mim! (Jo 5.39). Assim, quando lemos qualquer livro na Bíblia
devemos estar atentos de que maneira ele está ligado a história principal.
5. Ler de maneira aleatória: Quantos de nós já não dissemos: “no texto que eu abrir irei ler!”. Normalmente
fazemos isso por dois motivos, ou porque não sabemos por onde e como começar a
ler a Bíblia, ou então porque queremos a resposta do Senhor para algo em nossas
vidas.
Entretanto, não podemos negar que
essa abordagem parece mais um jogo de sorte e azar, e isso pode gerar
problemas. Talvez possa cair em um texto que se entenda (talvez isso já tenha
acontecido com você!), mas também pode ocorre o oposto, pode cair em um trecho
bíblico que não se entenda absolutamente nada, ou o que eu diria ser o maior
problema dessa abordagem, podemos achar que compreendemos o texto, mas não o entendemos de fato. Isso pode gerar má
interpretação e aplicação do texto, além do risco da propagação de idéias
erradas sobre as Sagradas Escrituras.
Imagine se nós usarmos essa mesma
estratégia de leitura no livro de matemática. Será que vamos conseguir
compreender o conteúdo e até mesmo transmiti-lo corretamente?
Medita na Lei do Senhor
Paulo ao instruir Timóteo disse: Procura apresentar-te aprovado diante de
Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra
da verdade (2Tm 2. 15/A21).
O sentido literal do termo manejar
nesse texto é “cortar reto”, essa ideia faz referência a exatidão exigida com
trabalhos manuais como a carpintaria, a alvenaria e até mesmo ao próprio trabalho
realizado por Paulo na elaboração de tendas e artigos de couro. A precisão da
interpretação da Palavra de Deus deve ser buscada com ainda mais interesse e responsabilidade
do que quando se desempenha qualquer outra tarefa [1]. Muitas vezes quando precisamos ler uma material para o trabalho, escola ou faculdade nós investimos todo o nosso esforço em compreender e estudar o conteúdo. Mas porque não fazer isso também com a Bíblia, que não é apenas um livro, mas um livro sagrado? Na verdade, pelo fato da Bíblia ser um livro inspirado por Deus não deveríamos estudá-la com ainda mais dedicação, cuidado e prazer?
Sendo assim caro leitor precisamos nos livrar
dos nossos maus hábitos de leitura bíblica e abraçarmos nossa responsabilidade de praticar um estudo bíblico que desenvolva conhecimento a respeito das
Escrituras. Precisamos reconhecer que nem todo contato com a Bíblia desenvolve
conhecimento bíblico. Apesar da boa intenção de ler a Palavra ser um fator
positivo ela não é suficiente. É preciso esforço, dedicação e oração para
compreendê-lá.
Investigue seus maus hábitos e livre-se deles!
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REFERÊNCIAS
WILKIN, Jen. Mulheres da Palavra: Como estudar a Bíblia com a nossa mente e coração. São José dos Campos, SP: Fiel, 2015.
[1] Bíblia de Estudo MacArthur, Barueri. SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
WILKIN, Jen. Mulheres da Palavra: Como estudar a Bíblia com a nossa mente e coração. São José dos Campos, SP: Fiel, 2015.
[1] Bíblia de Estudo MacArthur, Barueri. SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
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